Adoro ir para minha casa em Palmas, um lugarejo bem pequeno, perto de Vassouras, no Rio de Janeiro. Lá, eu e minha esposa recarregamos nossas baterias, recebendo nossa dose diária de verde, silêncio e tranqüilidade.
Sem telefone, a internet que não funciona muito bem chegou lá há pouco tempo, e isso já é motivo para nós, seres urbanos, entrarmos em parafuso. Daí vem sempre a pergunta: será que consigo passar algum tempo em um lugar sem comunicação? Logo em seguida, me vem a resposta: é claro que sim, e nos faz muito bem, voltamos sempre recarregados, em paz e harmonia!
Lá, tenho um equipamento de áudio montado, no caso de eu precisar gravar ou mixar alguma coisa, alguns HDs e equipamentos antigos como ADAT e TAPEDECK. Me divirto tentando fazer isso tudo funcionar e, quando consigo essa façanha, uma fila de fitas cassetes aguardam a sua vez de me levar a um passado sonoro bem distante, lembrando de quando me reunia com amigos para ouvir discos e gravar as melhores músicas selecionadas, o que chamamos hoje de “playlist”.
Em dias de reclusão nessa pandemia, não tem coisa melhor do que uma investigação minuciosa a produções esquecidas em algum HD perdido no baú do tempo. E, em uma dessas CPI’s dissonantes, encontrei um samba com uma produção já bem acabada, com arranjo pronto e melodia feita por mim. O arquivo datava de fevereiro de 2018. Estava estabelecido o mistério. Uma coisa era certa: eu fiz a música e estava à procura de um parceiro. Mas qual? Tenho alguns, então mãos a obra e vamos investigar.
Apura daqui... dali... e descobri que tinha mandado essa melodia para o meu querido parceiro Pádua, grande compositor e cantor de Goiânia. Logo, pensei “será que o Pádua não gostou do samba? Deixou pra lá, esqueceu?” Resolvi arriscar e mandei um “zap” pra ele com o áudio da música perguntando:
- Você se esqueceu desse samba, será que ele tem uma segunda chance?
Recebi a resposta imediata:
- “É tão lindo, não sei como me esqueci.”
Então, como eu acredito que tudo tem a sua hora, o samba veio no momento certo, trazendo mais um grande compositor de Goiânia para a parceria, o Chaul, e a letra fala exatamente desse reencontro proporcionado pelo reaparecimento do nosso “Samba esquecido”.
“SAMBA ESQUECIDO”
Pádua/PedroBraga/Chaul
SALVE, SALVE, MEU AMIGO
MEU NOBRE PARCEIRO
OBRIGADO POR LEMBRAR
O SAMBA QUE ESQUECI
O BATUQUE A MELODIA
ESTAVA TUDO PRONTO
ESPERANDO AQUELES VERSOS
QUE EU NÃO ESCREVI.
BATEU SAUDADE NO ISOLAMENTO
VI SUA MENSAGEM E LOGO RESPONDI
ME PERGUNTAVA SOBRE AQUELE SAMBA
OLHA NOSSO SAMBA AQUI.
TAVA GUARDADO NO BAÚ DO TEMPO
ESPERANDO A HORA PRA MANIFESTAR
A PARCERIA TEM O SEU MOMENTO
UM RELACIONAMENTO TENTANDO ACERTAR
E NESSA HORA O QUE FOI ESQUECIDO
VIRA UM BOM MOTIVO PRA GENTE CANTAR!
É PELA PAZ, É PELO SAMBA QUE FIZ
É POR TODO AMOR QUE SE DIZ
É PELA VIDA, NUM MOMENTO FELIZ
É POR TUDO ISSO QUE EU SEMPRE QUIS.
É PELA PAZ
POR TODO AMOR QUE SE DIZ
É POR UM MOMENTO FELIZ
É PELA VIDA, É PELOS PARCEIROS QUE FIZ
QUE O SAMBA CRIOU RAIZ
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